mardi 27 octobre 2009

ELEIÇÕES 2011: RAZÕES PARA MUDAR DE NOVO


Como dizia alguém, ontem, Cabo Verde deve ser, neste momento, dos países no Mundo mais propícios e férteis à análise política. De repente, o xadrez de indivíduos e forças políticas trocou de tal forma pedras essenciais que a análise política e a previsão eleitoral, tanto para as legislativas como para as presidenciais, passaram a merecer análises muito elaboradas. De parte a parte, esgrimem-se argumentos, críticas e avaliações. Apontei alguns ângulos que, na minha opinião, pesam na disputa:

1. Em primeiro lugar aquilo a que chamo «a parábola dos dois corredores». Imaginem que as eleições de legislativas de 2011 são provas de uma corrida Praia-Tarrafal. O candidato do Clube Africano para a Independência partiu da Praia bastante tempo depois, e pretende correr 15 anos de kilómetros, sem paragens nem descanso, até ao Tarrafal, enquanto que o candidato do Clube para a Democracia em Movimento, partiu bastante tempo antes, encontrando-se a aguardar na Assomada. Ambos vão percorrer no final o equivalente a 15 anos em kilómetros, sendo que o atleta do clube africano tem sofrido ultimamente grandes tareias e rupturas musculares da crise, da sociedade, dos empresários e dos seus adeptos, enquanto que o atleta do clube democrático já recarregou baterias na Assomada, ele e a equipa, e se encontra em excelente forma, à espera do apito de partida para o último troço Assomada-Tarrafal. Esse último apito de partida será dado precisamente em simultâneo com a chegada à Assomada do atleta do clube africano, o qual não terá tempo sequer de ser assistido pela sua equipa técnica, tendo de continuar a correr, bem suado e dorido, com alguns hematomas no dedo do pé Esquerdo. Estando ainda abertas as apostas, em quem vai apostar?

2. José Maria Neves (JMN), compreensivelmente do ponto de vista eleitoral, não tira a juventude cabo-verdiana da boca. Por todo o lado, esteja em Cabo Verde ou no Brasil, manda beijos, abraços e dedicatórias à sua juventude almejada. Há dias, ao ouvi-lo na rádio em mais uma investida, pensei no seguinte: JMN é o político que mais dívida tem para com a juventude cabo-verdiana, e que mais dívidas deixa à juventude cabo-verdiana. As próximas X gerações de jovens cabo-verdianos vão pagar milhões de escudos em cumprimento das dívidas deixadas em estradas por JMN e levadas de volta, na hora, por empresas estrangeiras. É realmente o Primeiro-Ministro em que os jovens mais investiram o dinheiro que ainda não ganharam, o que mais aval e fianças recebeu da juventude para contrair dívidas em créditos estatais. É também o Primeiro-Ministro que mais impostos recebeu dos jovens cabo-verdianos e o Primeiro-Ministro que mais juros recebeu dos jovens cabo-verdianos. É o Primeiro-Ministro que mais paciência teve da parte dos jovens cv todos cientes de que vão voltar a ouvir novas promessas de Novas Respostas. Portanto, não há dúvida que a relação de JMN com a juventude cabo-verdiana é de AMOR, um amor invertido, em que JMN é o principal governado e beneficiário da relação.

3. Preocupa-me o facto de perceber que JMN já empregou, já se socorreu praticamente de tudo e de todos os recursos que podia em quadros do seu partido e jovens da nova geração, um pouco como o treinador que já esgotou as substituições, que tem vários jogadores nucleares castigados por acumulação de amarelo ou vermelho directo. Carlos Veiga (CV), pelo contrário, tem a equipa toda em estágio, baterias recarregadas, os recuperados no ginásio a reforçar a massa muscular, e uma boa fornada de juniores, ex-juniores e esperanças à espera do apito inicial do jogo.

4. CV, como aliás foi recordado neste último sábado, por ocasião do lançamento da sua biografia política (Carlos Veiga – Biografia Política, Nuno Manalvo, 2009) é um dos maiores da política nacional e africana. Qualquer short list de top leaders teria de contar com o seu nome e a sua obra reformadora. Ainda hoje, é também um dos melhores (o melhor?) advogados de sempre de Cv, laborando ainda hoje, todos os dias, perante jovens ou senadores, com uma energia e inteligência inequívocas. Habituado a dar respostas, ei-lo novamente uma grande esperança para este país, nos tempos difíceis que se avizinham.

5. Dizem-me os apoiantes de JMN que estas eleições vão ser 50 % versus 50% de possibilidades de vitória para cada lado. Ora, a ser assim, esse é um indicador forte a favor de CV. Ora, CV só há dias foi eleito novamente líder enquanto que JMN é líder do partido e do governo e faz a sua imagem desde há quase 10 anos ininterruptamente; JMN tem nas mãos os recursos do Estado e do partido para fazer campanha todos dos dias da vida deste país enquanto que CV tem apenas os meios pessoais e do seu partido; JMN já publicou a sua Moção (Novas Respostas; curiosa a fraca emoção e novidade do documento junto do público) enquanto que a de CV, muito audaz e de mudanças, ainda é apenas para consumo estritamente interno. Se apesar da desigualdade de armas ainda são 50% versus 50% então as coisas estão mal paradas para quem está no poder. Daqui para 2011, a tendência é para que quem já tinha 50% antes de começar crescer, e para quem só tinha 50% no poder sofra tremendos desgastes próprios de quem tem que fazer o jogo duplo de estar em campanha e de governar ao mesmo tempo. JMN, actualmente em fôlego reduzido, vai perder ainda mais fôlego daqui a um ano, porque, ao contrário de CV, tem que Governar o país e governar o partido, resolver problemas e fazer campanha, reunir com os militantes e coordenadores do PAI mas também com os seus Ministros às Quintas-feiras e, pior de tudo, tem que dar as Novas Respostas JÁ, AGORA, AINDA HOJE, porque ele é poder, e porque amanhã pode ser tarde demais. A contagem do tempo para as Novas Repostas ainda não começou para CV mas já começou para JMN, desde há 8 anos. Não haja ilusões, governar Estados é a actividade mais trituradora da energia humana que alguma vez a história inventou.

6. A dita «tentação do regresso» ao poder é, em democracia, uma solução melhor do que a «tentação da permanência» no poder, por mais de 2 mandatos seguidos. «Regresso» é alternância, impede a cristalização de grupos no poder, traz ar fresco, renova a esperança, é mudança. A «Permanência» quando longa apodrece, cansa, cristaliza grupos restritos e exclusivos no poder, mata a esperança, mata a dinâmica e a mudança. E o Povo sabe disso.

É preciso mudar de novo!

Milton Paiva







1 commentaire:

Et a dit…

Dixa-m manda un kumentariu. O doutor Veiga ka fla modi ki el sa ta ben governa ku minoria parlamentar... Bari menza ka ta ten mas!? El Governa dos bes en rejime demokratiku-ditatorial: expulsãu di bons parlamentaris e dimisãu di bons ministru era se Marka.Odja kes retornadus sima DIKU e Katxupa... dja es mansa?
Ago, nes kurida e sta kes mesmu atiletas ki pas des anu sintadu na AN... pa ganha e mestedu Ginastika, sobritudu Mental... Cardoso dja prizenta un livru. E uniku ki trabadja pa ganha. Mas es e un kurida pur ekipa.Ekipa sta fraku!