samedi 18 septembre 2010

Texto da conferência de imprensa sobre "resíduos sólidos" (MpD, por Milton Paiva)


MOVIMENTO PARA A DEMOCRACIA
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

INTRODUÇÃO

Bom dia a todos

O PM de Cabo Verde demonstrou ontem em declarações à imprensa várias coisas que já sabíamos:

• Que não gosta da Oposição democrática
• Que lhe dava jeito que a Oposição democrática nada visse, nada dissesse e não existisse!

A cada “fiscalização política” da oposição, a cada denúncia, a cada aviso, o PM reage com intolerância democrática, ofensas à Oposição, aos seus líderes e porta-vozes. Essa é uma prática recorrente e pública.

Não se sabe bem se detesta a Oposição por “convicção” ou se é por “encenação”, sendo certo que esta última opção seria a menos má (a encenação) porque quereria dizer que no fundo sabe que a Oposição tem tido razão nas principais críticas e denúncias. Os seus sucessivos recuos discretos têm demonstrado isso mesmo.

Minhas Senhores e meus senhores

Permitam-me dizer-vos que esta é a Oposição mais forte da história democrática nacional!

Uma oposição de jovens mas também de muita experiência, uma Oposição que dá confiança e tem tido resultados. Carlos Veiga será o próximo Primeiro-Ministro de Cabo Verde porque país “Mesti Muda” outra vez.

Apesar dos ataques ferozes do Senhor PM, esta Oposição democrática tem sido consequente e credível, tem sido guardiã desta Nação!

Os resultados estão à vista:

• Cerca de 99, 9% (sem exagero!...) das leis e decisões tomadas pela maioria PAICV e declaradas inconstitucionais, imorais ou ilegais, foram-na por iniciativa e denúncia pública da nossa Oposição democrática! E, curiosamente, em 99,9% das vezes, o PM apressou-se a vir dizer que a Oposição esta louca, cega, maldosa. Pensem nisso, verifiquem os arquivos desta “década perdida” (in discurso de Humberto Cardoso, Estado da Nação 2010);

• Andamos há uma década a dizer que este governo não tem a visão correcta que a nossa economia precisa, que tem uma visão trocada das coisas, que o governo é que é o principal empresário que arrecada, contrai semanalmente empréstimos avultados e relega as suas empresas privadas para a margem mínima de lucro, para um verdadeiro “serviço público” e o resultado está aí: somos o 117º no ranking da competitividade (de 139 países), isto é, graças ao ambiente de negócios montado nesta década, investir actualmente em Cabo Verde é “escolher a 117ª (centésima décima sétima) opção no mundo para investimento! Será que a persistência de um investidor chegará tão longe?

Quem aponta estes, apontaria muitos outros exemplos que demonstram que esta Oposição é de confiança, é credível, é a mais forte da história nacional.

INCENERADORAS E POLÍTICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO GOVERNO. RÉPLICA!

Indo mais precisamente às declarações do PM a propósito da nossa posição do MPD sobre as incineradoras e a sua política para os resíduos sólidos urbanos, vimos declarar o seguinte:
As declarações do PM sobre este assunto foram mais um ataque feroz a esta Oposição forte mas, tratou-se claramente de uma «não explicação, um não esclarecimento» sobre o que é essencial os cabo-verdianos saberem neste momento!

Percebo que foi uma tentativa de não esclarecer a opinião pública, mas nós ficamos esclarecidos de algumas coisas. Ressalta à vista que:

• Em menos de seis meses o Governo assinou três acordos com três entidades distintas, três estratégias distintas e três resultados iguais, isto é, nos três casos ainda não se passou nada! Num deles, de Maio de 2008, com a GLOBAL EE, LP O governo comprometia-se a cumprir a sua parte das obrigações de operacionalização num prazo de 4 a 6 meses. Mas nada! Apenas “intenções” como disse o próprio PM à imprensa ontem;

• Entretanto, dentro do mesmo governo, sob liderança do mesmo PM, o MIT e o MECC (Ministérios das infraestruturas e da economia na época), comprometeram-se perante parceiros distintos para a implementação de duas soluções muito distintas para o mesmo problema: o primeiro por uma solução de “Aterro” e, o segundo, por uma solução de “Gaseificação”;

• Discretamente (vide BO de 2 de Agosto de 2010, I série, nº 29: Decreto-lei nº 23/2010) o governo extingue a Unidade Incineradora da Praia (UIP, SA) porque, segundo o preâmbulo do próprio diploma (citação) “verificou-se que a opção adoptada para a incineração não é a mais adequada». Em vez de estudar primeiro a viabilidade e depois criar a empresa fez o contrário, criou para depois dizer que não devia.

• Já deu o sinal de que nos deu razão mas, porém, resta um dossier essencial sobre o qual o PM ainda não explicou aos cabo-verdianos se recua ou não no seu compromisso: o Protocolo com a empresa GLOBAL EE LP

Na devida ocasião, a Oposição trouxe ao governo e aos cabo-verdianos um alerta muito sério, baseado em relatórios, pareceres técnicos e casos ocorridos (assinalar dossier), nomeadamente, no famoso caso de Abidjan, Costa de Marfim:

http://perspective.usherbrooke.ca/bilan/servlet/BMAnalyse?codeAnalyse=287

a respeito de questões drásticas de segurança humanitária e ambiental, que se colocam a propósito.

Em 2006, uma empresa costa-marfinense de nome “Tommy”, criada dias antes e com ligações societárias opacas ao estrangeiro, descarregou de um navio no porto de Abidjan “lixo tóxico” altamente nocivo à saúde humana sob explicação de que se tratava de “agua usada” na lavagem interna do navio. O material foi descarregado em 7 pontos distintos de Abidjan e o resultado veio a revelar-se catastrófico: 100 000 (cem mil) pessoas contaminadas, 16 mortes, lesões cutâneas, problemas digestivos, aumento de nascimentos prematuros, etc (conferir: Relatório do Relator Especial das Nações Unidas no caso, de 9 agosto de 2008, Mr Okechukwu Ibeanu);

Para além da catástrofe humana e ambiental, o governo costa-marfinense demitiu-se após longo silêncio, reconhecendo a sua “incapacidade operacional” de resolver a catástrofe e a sua “ligeireza” de análise na autorização de entrada do “lixo”.

Ora, o Protocolo entre o Governo de Cabo Verde e a GLOBALE EE. LP, ainda em vigor, prevê na página 3, sob a epígrafe “Responsabilização do GOCV” (Governo de Cabo Verde):

• A possibilidade de serem fornecidas à empresa “resíduos petrolíferos” e “outros” para tratamento;
• Nenhuma cláusula assegura que tais “resíduos” não possam ser de proveniência estrangeira em caso e défice da oferta no território (provável, segundo o parecer);
• E ninguém sabe o que pode entrar na categoria de “outros” resíduos;

Um parecer técnico de elevada autoridade internacional sobre este assunto, fez-nos saber que este projecto cabo-verdiano e o da Costa de Marfim têm semelhanças em pontos críticos perigosos:

1º- balanço energético deficitário nos dois casos

A proporção de resíduos produzidos pela Capital da Costa de Marfim, Abidjan, era insuficiente para que a produção energética a partir desse processo se tornasse sustentável e atractiva para a empresa. O Consultor acredita que o mesmo se passaria em Cabo Verde.

2º - estrutura accionista opaca da sociedade nos dois casos

Isto é, paira ainda hoje a dúvida sobre a verdadeira natureza e identidade dos parceiros que estavam por detrás da empresa marfinense, embora os intervenientes locais da empresa tenham sido presos. O consultor apurou, através dos sites das empresas que dão suporte técnico à GLOBAL EE,LP que se tratam de empresas de americanas, russas e chinesas ligadas ao ramo de actividades nas minas de carvão, química, produção de aluminium, imobiliário e materiais de construção)

3º - o protocolo deles também se referia à incineração de produtos “outros” que os resíduos domésticos;

Nada garante o que sejam os “outros” como disse anteriormente.

Minhas senhoras e meus senhores

Estas são as grandes e verdadeiras questões que o PM deve explicar aos cabo-verdianos! Nenhum ataque à Oposição vai desviar-nos da “vigilância” e fiscalização rigorosa desta e outras questões candentes da nossa segurança e bem-estar.


Cabo Verde “Mesti Muda”! ...

Praia, 17 de Setembro de 2010

Milton Paiva
Porta-voz
Membro da Comissão Política Nacional








dimanche 12 septembre 2010

Cabo Verde passou a ter mais 18 cidades?



“Cabo Verde passou a ter mais 18 cidades, com a entrada em vigor da lei n.º 77/VII/2010, que eleva à condição de cidade todas as sedes dos municípios do país.”


Esta é a frase de abertura de uma notícia de jornal mas, pior do que isso… foi uma decisão do Governo de José Maria Neves! Ando há vários dias a tentar perceber a razoabilidade da coisa, algum ângulo escondido que não tenha percebido ou alguma visão genial escondida ao alcance de poucos. Definitivamente, não consigo vislumbrar nenhum rasgo de genialidade.


Só quem nunca andou pelo país é que não conhece a realidade das nossas sedes de município e o quão longe andam do que deve ser uma cidade com condições mínimas. Aliás, as que já tínhamos, chegam lá com avaliação muito precária em aspectos essenciais. Até ao momento, apenas o Primeiro-Ministro (PM) veio defender a medida. Está claro, a julgar por comentários de corredor, que nem no governo, nem no seu partido a medida recolhe apoio.


Toda a gente sabe, e o PM sabe melhor do que nós, que as cidades que decretou no papel não vão sê-la nem daqui a 50/100 anos (mais?). Qual é a ideia? Virmos a dizer daqui a 50/100 anos que foi o governo de JMN que criou tais cidades? Reserva antecipada de direitos de autor? Claramente uma manobra de pretender “criar” aquilo que na verdade, pela lógica material das coisas, o direito apenas “reconhece” o investimento feito.


Uma tal decisão é contraditória com o próprio espírito da lei que a formaliza. Pois bem, se o que caracteriza uma cidade, nos termos dessa regulamentação, «é a existência de equipamentos relevantes como serviços de saúde, protecção civil, correios e telecomunicações, farmácia, corporação de bombeiros, estabelecimento de ensino, esquadra policial, estabelecimentos hoteleiros, bibliotecas, serviços de transporte urbano e suburbanos» uma tal decisão é, desde logo, «ilegal» relativamente à maioria das sedes de município existentes.



Finalmente, reconhecendo que o seu governo tem maltratado de todas as formas o poder local e, por descargo de consciência (pré-eleitoral), tenta desesperadamente reconciliar-se com as regiões e localidades do país que abandonou e atacou durante uma década. Num golpe de mágica (só pode ser magia), em vez de usar dos bons ofícios e do poder de um PM para investir a sério nas sedes dos municípios, brincou de arquitecto visionário.



Já agora, proponho ao PM que na próxima semana arquitecte um Decreto-lei (DL) que declare todos os cabo-verdianos “empregados”. Pode ser que resulte, a fórmula é a mesma. Já agora venham mais decretos declarando resolvidos o défice, a dívida externa, o isolamento das ilhas, os apagões, o 117º lugar (139 países) no ranking da competitividade em 2010/11, a política económica e fiscal anti-empresarial, o sistema de saúde vulnerável, a queda da liberdade de imprensa no ranking dos Reporters sem Fronteiras, a tremenda partidarização da administração pública, enfim… principalmente um DL que declare os municípios extintos por não se enquadrarem no programa do governo.


Por: http://paiva-politicoisas.blogspot.com/