vendredi 22 octobre 2010

O hardware e o software da liberdade de imprensa em Cabo Verde



O hardware e o software da liberdade de imprensa em Cabo Verde

Por Milton Paiva


Relatório dos Reportes Sem Fronteiras 2010

Resumo:
1 Um relatório que reafirma que Cabo Verde tem um dispositivo de hardware em matéria de LI que é, comparativamente, suficiente tendo em conta países piores: tem leis, tens órgãos privados, jornalistas e outros agentes da comunicação não tem sido presos nem mortos por causa da sua função
2 Um relatório que é metodologicamente mais virado para a medição do harware (estruturas) do que do sofware (qualidade) da liberdade de imprensa em Cabo Verde

O MpD parabeniza, em primeiro lugar, todos os cabo-verdianos pelo facto de, no nosso país, entre Setembro de 2009 e Setembro de 2010 (Relatório RSF 2010) ter havido: zero jornalistas mortos, zero assistentes de imprensa mortos, zero jornalistas presos, zero internautas presos…


Não ter havido violência física contra agentes da imprensa no exercício da sua função é um “score” excelente que nos orgulha a todos!


Aliás, não se pergunta no questionário mas podia-se acrescentar que zero políticos e porta-vozes de partidos políticos foram mortos na sequência de qualquer denúncia política de atentados à liberdade de imprensa, nem da Oposição nem da Situação.


O MpD congratula-se pois com toda a Nação pelo facto de o hardware, isto é, as estruturas legais e materiais disponíveis para o exercício da liberdade de imprensa, existirem e terem registado progressos significativos, principalmente, se tivermos em conta o que havia no regime de partido único e o que existe hoje.

O nosso disco rígido, comparativamente com várias outras Nações onde a liberdade de imprensa vive dias de infortúnio, é um hardware suficiente para o Estado-de-Direito que queremos! A nós, o que nos falta mesmo é subir na qualidade do software da liberdade que temos!


Veja-se que os RSF verificam a nível do harware é, por outro lado, se:


 Existem leis modernas de comunicação social em vigor no país?


Existem e muitas delas fomos nós MpD que fizemos e aperfeiçoamos. Veja-se, o caso do Código de Publicidade. Existe mas não é por isso:
- que o Paicv, através do Governo, deixou de gastar milhares de contos ilegalmente, divulgando conteúdos que são proibidos por lei em forma de publicidade;
- que a Oposição tem acesso à publicitação de conteúdos políticos semelhantes nos mesmos espaços televisivos em forma de publicidade (tratamento discriminatório e ilegal);

 Existem leis que proíbem a utilização abusiva dos recursos do Estado para fins partidários?
Existe mas não é por isso que o Paicv cumpre a lei e deixou de o fazer.


 Existem leis que obrigam à instalação de uma Autoridade da Comunicação Social que, nomeadamente, controle a legalidade dos conteúdos?

Existem mas mesmo assim o Governo não o instalou, nem pensa fazê-lo porque sabe que esse seria o dia a partir do qual não mais poderia vender-se na televisão do Estado à nossa custa!

 Existem televisões privadas? Existem

 Existem rádios privadas? Existem

 Os jornalistas são impedidos de exercer a sua profissão em razão do sexo? Não

 Existem restrições à cobertura de determinadas regiões do país?Não

 Foram expulsos do país jornalistas estrangeiros?Não

 A Oposição tem acesso à Imprensa?
Tem, quanto mais não seja porque tem canais privados de comunicação. Mas uma Democracia com qualidade não se limita a dar acesso à Oposição. Faz mais do que isso: cuida do tempo, pluralismo e do contraditório, da verdade, das diferentes cores políticas e da legalidade dos conteúdos…


Para além disso, é preciso rever a participação dos vários quadrantes de actores da sociedade na resposta a esse tipo de questionário na medida em que um questionário respondido essencialmente pela Direcção da Associação de Jornalistas Cabo-verdianos (AJOC) não só não reflecte a posição real e global da classe como não espelha a percepção da Oposição nem da grande maioria dos cabo-verdianos.




Paicv multiplica ilegalmente tempos de antena na Tv e abusa dos cofres do Estado


CONFERÊNCIA DE IMPRENSA MpD

Por Milton Paiva



PAICV multiplica ilegalmente tempos de antena na Televisão e abusa dos Cofres do Estado


Bom dia a todos

Caros jornalistas


O Paicv partiu definitivamente para uma luta ilegal, para o anti-jogo. No passado dia 9 do Outubro, o partido do governo desferiu mais um duro golpe nas leis e na moralidade da nossa República.


Depois de ocupar e invadir ostensivamente os noticiários e espaços informativos, eis que iniciou uma cruzada para multiplicar disfarçada e ilegalmente os seus tempos de antena.


Num dia aparece vestido de Paicv no tempo de antena legal a que tem direito e, noutro dia, aparece vestido de Ministério das Infraestruturas e Transportes (MIT) no «tempo de antena» ilegal a que apelidou desta vez de “Grandes Obras. O futuro” (o primeiro nº dedicado à Ilha da Boavista). Hoje é este programa, amanhã serão outros.


Por carta de 13 de Outubro de 2010, solicitamos à Tcv a compra de um espaço publicitário idêntico, com a mesma duração e ao mesmo preço, isto é, cerca de 18 mn de publi-reportagem para difusão de conteúdos da mesma natureza.


Na resposta, por carta da Tcv de 15 de Outubro de 2010, veio o que já esperávamos: «Lamentamos informar que ao abrigo do código de publicidade vigente, não é permitida a cedência de espaço para publi-reportagens a partidos políticos, uma vez que, conforme é do vosso conhecimento, dispõem de espaços reservados, os Tempos de Antena.»
Ora, a referida disposição citada deve ter sido tirada pelo intérprete de um qualquer diploma de uma República que não esta de Cabo Verde! É que o Código da Publicidade em vigor nesta República de Cabo Verde - Decreto-lei 46/2007 – não proíbe nenhum partido político de difundir publicidade! Não existe nenhuma interdição relativa ao tipo de entidade que pode fazer publicidade, se é pública ou privada, se é partido ou governo (artigo 3º), mas uma proibição de determinados tipos de conteúdos!


As «ideias de conteúdo sindical, político ou religioso», a «propaganda política» e «comunicações políticas» (artigo 3º nº3 e artigo 7º nº 2 alínea h) não são publicidade nos termos do Código e são interditas fora dos tempos de antena, INDEPENDENTEMENTE DO SEU AUTOR!


Mais ainda, o conteúdo da peça publicitária assinada pelo MIT não se enquadra sequer no conceito legal de publicidade fixado pelo referido Código, situando-se portanto no domínio dos conteúdos a difundir exclusivamente em sede de tempos de antena.


O artigo 3º nº1 do Código dispõe que “publicidade” é «qualquer forma de comunicação feita por entidades de natureza pública ou privada, no âmbito de uma actividade comercial, industrial, artesanal ou liberal».
Desafiamos o Governo a vir explicar aos cabo-verdianos o que é que há de publicidade comercial, industrial, artesanal ou liberal na referida peça ou, ao menos, qual o seu intuito de «comercialização ou alienação de bens ou serviços (artigo 3º nº 1 alínea a)?


Está claro que se trata da comercialização ilegal do próprio Paicv e do Governo. São claramente propaganda política, tempos de antenas paralelos!


Minhas senhoras e meus senhores,


O Paicv, através do seu governo, prepara-se para violar mais oito vezes o Código da Publicidade e os Cofres do Estado nesta matéria. Desta vez, foi a pretexto da Boavista, amanhã será do Maio, depois do Fogo e só não haverá um número sobre Santa Luzia…Com isto, de acordo com a tabela de preços publicitários em vigor na Televisão, o Paicv, travestido de MIT, tem gasto e vai gastar milhares de contos na primeira difusão deste tipo de propaganda ilegal.
Desafiamos o Governo a vir explicar aos cabo-verdianos quanto paga por segundo para vender a sua imagem, quanto custam 18 minutos e, principalmente, quanto vai custar a volta às ilhas em propaganda sacada ao Tesouro do Estado para financiamento ilegal da campanha do Paicv.


Se somarmos as facturas do MIT à dos outros Ministérios de que o Paicv se traveste por estas alturas façamos as contas…


Um Governo que precisa de pagar tão caro e tantas vezes para que se diga que é bom, é um governo não só prevaricador da lei como muito inseguro de si!...


Para além disso, este governo continua, teimosamente, a gozar com os cabo-verdianos na expectativa de que o povo esqueça a fome que passa, o dinheiro que não tem, o emprego que não tem, a casa que não tem, os impostos chorudos que paga e que lhe são roubados pelos ministérios de José Maria Neves para pagar mera propaganda política na televisão do Estado.


Violação de lei, assalto aos cofres do Estado e, como se não bastasse, invasão da rede de emails do Estado a pedir dinheiro aos agentes da Administração Pública (AP). Numa carta massivamente divulgada através da rede de emails do Estado (na nossa posse) incitam a todos os «Amigos ou não amigos do PAICV» a ler e a contribuir para resistência anti-democrática do Paicv.


Quem hoje usa os emails da rede do Estado para fins partidários, abusa da televisão e do dinheiro de todos nós para os mesmos fins não pode continuar a ser governo! Cabo Verde mesti muda!


Praia, 19 de Outubro de 2010. por Milton Paiva: porta-voz e Membro da Comissão Política Nacional


ANEXO
CÓDIGO DA PUBLICIDADE


Artigo 3º
(Conceito de publicidade)


1. Considera-se publicidade, para efeitos do presente diploma, qualquer forma de comunicação feita por entidades de natureza pública ou privada, no âmbito de uma actividade comercial, industrial, artesanal ou liberal, com o objectivo directo ou indirecto de:


a) Promover, com vista à sua comercialização ou alienação, quaisquer bens ou serviços;
b) Promover ideias, princípios, iniciativas ou instituições.


2. Considera-se, também, publicidade qualquer forma de comunicação da Administração Pública, não prevista no número anterior, que tenha por objectivo, directo ou indirecto, promover o fornecimento de bens ou serviços.


3. Para efeitos do presente diploma, não se considera publicidade a propaganda política, a informação jornalística, os programas de entretenimento, a actividade de lançamento de obras literárias ou artísticas protegidas nos termos do Código do Direito de Autor, o acesso aos meios de comunicação para efeitos de campanha eleitoral, referendo e comunicações políticas, quando utilizam os tempos de antena legalmente disponíveis.

Artigo 7º
(Princípio da licitude)


1. É proibida a publicidade que, pela sua forma, objecto ou fim, ofenda os valores, princípios e instituições fundamentais constitucionalmente consagrados.
2. É proibida, nomeadamente, a publicidade que:
(…)
h) Tenha como objecto ideias de conteúdo sindical, político ou religioso.

lundi 11 octobre 2010

PAICV “força da mudança”?


Na abertura do ano político do PAICV o seu líder JMN, declarou, em tom esforçado, que o “PAICV é a força da mudança”. Ouvi a declaração e achei, sinceramente, uma estrondosa tentativa.


Ora, o PAICV nunca foi força de mudança. Sempre foi força de continuidade! Numa primeira leva hasteou a mudança liderada pelo PAIGC (e não CV!) - do Estado colonial ao independente -e, num segundo momento, pegou a boleia da mudança liderada pelo Movimento para a Democracia – a transformação e modernização do Estado e dos sistemas político, económico e social.


Se há duas coisas que não rimam nesta altura da vida são PAICV e MUDANÇA. “Força” até que deixava ficar: PAICV é a maior “força” contra a mudança em 2011.


Quem acha que está bem não quer nem vai mudar!


Com o PAICV:


• O Primeiro-Ministro mudaria apenas a cor da gravata


• O Governo continuaria a ser o governo “possível”


• O Primeiro-Ministro iria continuar a remodelar mais quatro vezes a pasta da Economia desta feita remodelando-se a si próprio de Ministro da Economia por ter sido o ministro possível


• A liberdade de imprensa no país continuaria a cair mais X pontos anuais nos Reporters Sem Fronteiras


• A TCV passaria a recrutar directamente na bolsa de quadros da JPAI e o Presidente da sua filial juvenil teria assento, por inerência, no Conselho de Administração da TV, com o pelouro do “Telejornal” e “Publi-reportagens”


• 90 % da elite do partido e dos “simpatizantes” em funções na administração pública continuaria a espreitar o país real pela TCV e imprensa “amiga” apenas e acharia surreal os outdoors da oposição


• As empresas nacionais vender-se-iam todas a empresas estrangeiras em troca de 20% de participação na sucursal da empresa estrangeira entretanto criada na sequência


• O Primeiro-Ministro achar-se-ia o maior estadista africano do século e, por isso, não precisaria esforçar-se para agradar a oposição


• As finanças públicas do Estado continuariam a engordar e as finanças das empresas privadas a definhar


• Os meios de comunicação social do estado reservariam 10% do tempo disponível para a Oposição e o Primeiro-Ministro surgia dia sim dia não nos intervalos das telenovelas e dos jogos da selecção a falar à Nação da sua vontade de ser Poder


• Os boys para os jobs seriam os mesmos mas em maior quantidade


• O único ministro com insónias seria o das Finanças por não saber como conseguir pagar créditos a Portugal pois, os demais, continuariam a ir buscar


• Entretanto, uma vez que a legitimidade sairia reforçada, o Conselho Nacional do PAICV decretaria um programa nacional de “Ordem e Disciplina” nacional em que quem fosse contra o regime e o progresso seria severamente despedido ou punido


• O Jornal “JÁ” seria encerrado "JÁ!" por não ser a favor e por contar histórias enterradas


• Filisberto Vieira mudaria de líder de Santiago Sul para Ministro de Estado e Vice-Primeiro-Ministro e, seis meses depois, para Primeiro-ministro, para José Maria Neves vir dizer que está mesmo cansado e concorrer às presidenciais de 2011


• As Câmaras Municipais seriam extintas e dariam lugar a “Cidades” as quais teriam governadores nomeados pelo Primeiro-ministro não vá a oposição conseguir eleger algum


• Santa Catarina teria o Estatuto Especial que a capital tanto deseja por homenagem do Primeiro-ministro à sua terra natal e Mindelo confirmar-se-ia como “quarta” região do país na ordem de importância do Primeiro-ministro, precedida de Santiago Sul em primeiro, Santiago Norte a seguir, Sal e Boavista.


• O Boletim Oficial e o Código Civil seriam traduzidos para o crioulo de “Santiago” língua oficial da maioria


• BMW seria a nova marca a fornecer carros ao Governo em detrimento da Toyota


• M. Kadhafi viria regularmente passar férias na sua nova tenda em Rui Vaz a convite do ex-Chefe de Estado

• O jornal “OJE” fundir-se-ia com “Comunicar a Administração Pública” da Chefia do Governo como veículo único de comunicação e imagem do Governo


Bom…bem vistas as coisas, se nos atendermos ao que ficou acima exposto, não se pode dizer categoricamente que não haveria mudança (das datas)…

Milton Paiva
http://paiva-politicoisas.blogspot.com/