lundi 22 novembre 2010

Crise, Empreendedorismo jovem e AJEC em Cabo Verde


SUMÁRIO:
O Empreendedorismo, os países e o Mundo
A Associação dos Jovens Empresários de Cabo Verde
O ambiente de negócios para o jovem empreendedor em Cabo Verde

Introdução

Antes de mais muito obrigado à empresa Marso, pelo convite que formulou à AJEC para vir participar neste Worshop.


Venho em representação da AJEC, de que também sou sócio, membro do Concelho Executivo para a área das Relações Institucionais e Responsabilidade Social e Coordenador do Projecto CDE - Centro de Desenvolvimento Empresarial, uma iniciativa conjunta AJEC/Câmara Municipal de São Domingos.

I. O Empreendedorismo, os países e o Mundo

O Empreendedorismo é cada vez mais e, felizmente, a palavra certa e a estratégia certa, tanto para o Desenvolvimento de Estados e economias como para o desenvolvimento individual de pessoas singulares. Aliás, numa audiência especializada como esta, este é seguramente um ponto consensual que dispensa demais especulações.


A AJEC, acredita e tem defendido com convicção, em muitas frentes, que desenvolver indivíduos empreendedores e organizações empreendedoras no país é o caminho certo para:


 criação de emprego, incluindo o auto-emprego;
 aumento da inovação e da competitividade;
 contribuição das novas empresas para a criação de riqueza e para o desenvolvimento da economia e da sociedade; e
 uma opção de carreira para uma parte significativa da força de trabalho.

II. A Associação dos Jovens Empresários de Cabo Verde


Perdoem-me se parecer exagerado, pessoalmente estou convencido que a AJEC, criada em 10 de Fevereiro de 2009, foi uma das melhores coisas que aconteceu no ambiente de negócios em Cabo Verde, nesta década.

Os seus associados tem sido incansáveis na preparação de um futuro empreendedor para as suas empresas e para Cabo Verde. Noutro fórum, quando ainda nem sequer fazia parte dos associados, referi que a AJEC é neste momento a mais brilhante e a melhor organização juvenil nacional, aquela que tem produzido, num curto espaço de tempo, as melhores ideias, os melhores projectos de fomento ao empreendedorismo, os melhores eventos e, provavelmente, aquela que soube juntar mais massa criativa à volta do tema. Digo isto publicamente não por nenhuma pretensão corporativa mas como forma de agradecer publicamente esta organização pelo que tem feito para mudar mentalidades e o futuro deste país.


Auguro um futuro brilhante aos jovens empreendedores que tenho encontrado e seguido na associação. Eles são o futuro tal a força de vontade e os resultados que tem conseguido para as suas empresas e para a associação, mesmo estando num ambiente geral ainda muito incipiente à ciência e prática do empreendedorismo.

a) Objectivos

Tal como qualquer associação os seus objectivos iniciais eram primeiramente interno, isto é, virado para os seus associados: i) Defender os interesses dos jovens empresários; ii) Promover a sua formação profissional dos associados; iii) promover o Intercâmbio de experiências e informações dentro e fora do país; iv) Promover a acção dos jovens empresários no mercado internacional; v) Força dialogante junto dos organismos oficiais, governamentais, económicos, sociais e culturais. Actualmente, as suas actividades formativas, os seus eventos e a sua voz junto das instituições decisoras no país, beneficiam largamente um público muito para além dos associados e tem tido resultados concretos, que ilustraremos mais à frente.

b) Projectos e Actividades


A AJEC tem sido, por outro lado, a maior máquina de ideias e projectos para o fomento do empreendedorismo em Cabo Verde. Só que, ser uma mera associação tem consequências e limites existências. Nós propomos mas não decidimos …


A título de exemplo, a associação de sido promotora ou parceira dos seguintes projectos e iniciativas:


 A inclusão da AJEC no projecto DNA Cidade da Praia, no Conselho Consultivo da Câmara Municipal da Praia, na Comissão de Seguimento do Doing Business, como Parceiro da Câmara de Comércio, Industria e Serviços de Sotavento (CCISS) para os assuntos relacionados com os jovens e empreendedorismo, e através da Assembleia Nacional nas propostas para o Orçamento de Estado de 2010;

 A parceria com a ADEI para o projecto de Incubadora de Empresas de Palmarejo, cujas obras estão em andamento;
 Participação da AJEC na Feira de Empreendedorismo, Emprego e Empresas, na Semana da Juventude na ilha do Sal e na Feira Internacional de Tecnologias de Construção e Habitação;
 Reuniões com Membros do Governo, em parceria com a CCISS, com o objectivo de transmitir as ideias e as dificuldades sentidas pelos jovens empresários e pelos jovens empreendedores que pretendem iniciar o seu negócio;
 Discussão de parcerias estratégicas com entidades internacionais, entre as quais a CEDEAO;
 Em S. Vicente, a AJEC estabeleceu uma parceria com a Câmara Municipal de S. Vicente para a criação de um Centro Tecnológico e de Inovação;
 Destaca-se igualmente a aceitação, pelo Governo, da proposta da AJEC de isentar do IUR, nos primeiros três anos de actividade, as novas empresas criadas por jovens; (ORÇAMENTO de ESTADO);
 O Iº Encontro Nacional de Jovens Empresários de Cabo Verde;
 Missões ao Brasil (João Baptista e Maria Tavares), missões da Loide Monteiro – Bruxelas e CEDEAO e do Presidente Rui Levy a Nice – França;
 Contribuições para o Estudo sobre Cabo Verde (BAD / MF), Constrangimentos de Cabo Verde (MCA / MF)), Regime Especial de INPS para as PME (CPE), Cartão Jovem (MJ/DGJ);
 Participação na Semana de Africa / Parceria Especial com a União Europeia;
 Workshop e Palestras realizadas: “Liderança no Empreendedorismo”; “Marketing”… “Reforma do Estado”… “Plano Estratégico do Turismo”;
 Jantares com Empresários de Sucesso;
 Conselho de Concertação da CMPraia;
 Conselho de Seguimento do Doing Business, E-Regulations…
 Presidência do Conselho Consultivo da ADEI
 Câmara Empreendedora de S. Domingos…
 Criação do Portal AJEC
 Criação de toda a imagem corporativa…
 GEW – Semana Global do Empreendedorismo;
 Página AJEC no Expresso das Ilhas / Bolsa de Empresas


Entre muitas outras acções: http://www.ajec.org.cv



III. O ambiente de negócios para o jovem empreendedor em Cabo Verde


Já iniciámos, o que é excelente, porém, um longo caminho nos resta a percorrer. De acordo com o GEM - Global Entreprenership Monitor - um diagnóstico de medição do nível de empreendedorismo num determinado país, deve considerar, pelo menos, 9 factores essenciais.


Da análise interna efectuada pela AJEC (estudo em progressão: "Empreendedorismo em Cabo Verde", ...) os dados recolhidos apontam para os seguintes resultados actuais:


1. Apoio Financeiro: fundos de financiamento de capital próprio inexistentes; Associação de Business Angels criada mas ainda não funciona; Subsídios governamentais inexistentes;


2. Políticas Governamentais: Contratos públicos não favorecem as empresas novas…


3. Programas Governamentais: Parques tecnológicos e incubadras inexistentes; inexistência de um único local para obtenção de informações sobre apoios; incentivos e benefícios fiscais com deficiente divulgação da informação;


4. Educação e Formação: pouco estímulo à criatividade, auto-suficiência e iniciativa; preparação inadequada à criação e desenvolvimento de novas empresas; formação para o empreendedorismo pouco eficiente;

5. Transferência de Investigação e Desenvolvimento (I&D): Nenhuma ligação entre universidades e empresas; pouca capacidade para adquirir tecnologia recente e nenhum apoio governamental para esse efeito;


6. Infra-estrutura Comercial e Profissional: mercado de consultoria bastante desenvolvido com presença de várias empresas nacionais e estrangeiras mas custo muito elevado para as novas empresas;

7. Abertura do Mercado/Barreiras à Entrada: mercado aberto a novas empresas, concorrencial e regulado; contudo mercado pequeno o que dificulta de certa forma a entrada de novas empresas;


8. Acessos a Infra-estruturas Físicas: custos das utilities são considerados elevados pelos empresários: comunicações, electricidade, transportes internacionais e inter-ilhas;

9. Normas Sociais e Culturais: a cultura nacional estimula o êxito individual embora a avaliação do fracasso seja rude; um empreendedor que não tenha tido sucesso num negócio é visto mais como um fracassado do que como alguém com uma experiência;

Conclusões da análise GEM:


Cabo Verde encontra-se bem posicionado no que diz à “Abertura do Mercado / Barreiras à Entrada” contudo não constatamos qualquer política que incentive empresas novas e/ou em crescimento.

Relativamente às restantes condições estruturais para o empreendedorismo o cenário é claramente de um país que precisa mudar em matéria de introdução do Empreendedorismo como factor de desenvolvimento do país:


 sistema financeiro pouco desenvolvido para o aparecimento de novos negócios com uma dependência quase exclusiva do sector bancário para o financiamento de negócios;
 inexistência prática de programas de apoio ao aparecimento de novos negócios (programas em fase de projectos e sem efeitos práticos até agora);

 ligeira introdução de conteúdos sobre o empreendedorismo sem a qualidade exigida e efeitos práticos desejados, contudo é de salutar o reconhecimento por parte das entidades responsáveis pela Educação e Formação Profissional da necessidade de introduzir o tema empreendedorismo na Educação e Formação;

 Em termos de Investigação e Desenvolvimento (I&D) ainda não arrancamos…

Ranking Mundial da Competitividade e Doing Business

Em termos de competitividade, Cabo Verde também não tem alcançado resultados satisfatórios se nos comparamos aos nossos concorrentes mundiais. O relatório do Doing Business do Banco Mundial (2011) coloca o país na 132ª posição (num universo de 183 países avaliados), tendo destacado a fraca performance nos itens encerramento de empresas (183ª posição), contratação de trabalhadores (167ª) (dados de 2010), acesso ao crédito (152ª), protecção de investidores (132ª), Iniciando o Negócio (120ª), entre outros. Reforçando esta percepção, Cabo Verde aparece na 117ª posição (num total de 139 países) no Relatório de Competitividade Global 2010/2011 do World Economic Forum.


Quais as razões por detrás desses resultados? Vários estudos têm apontado como principais factores limitativos do crescimento económico em Cabo Verde:

 o ambiente de negócios ainda pouco flexível e não ajustado às dinâmicas exigidas pelo sector privado;
 acesso ao capital, especialmente por parte das PME´s;
 a inadequação – do ponto de vista quantitativo e qualitativo – do capital humano, para permitir um sector empresariado inovador e competitivo;
 o custo elevado de factores de produção, especialmente telecomunicações, energia, água e saneamento;
 a natureza arquipelágica do país, agravada pelo deficiente sistema de transporte inter-ilhas; e
 ambiente pouco propício para a inovação como factor de competitividade e crescimento económico;
 Acreditamos que será igualmente necessário abordar a questão noutra vertente, na dimensão da pessoa, do indivíduo empreendedor.

Este é o ambiente que temos com pontos fortes e fracos, um ambiente de carências mas felizmente que, ter carências várias, não é um factor completamente negativo no mundo dos negócios. É que onde há Carências (serviços, empresas, condições) significa que abundam Oportunidades de mudanças empresariais.


Bem-vindos pois à descoberta das Oportunidades desta Feira e deste País que vos quer receber e fazer negócios. Muito obrigado!


FIC, 19 de Novembro de 2010


Milton Paiva
Sócio e Membro do Conselho Executivo da AJEC;
Responsável pela área das Relações Institucionais e Responsabilidade Social
Coordenador do projecto CDE da AJEC/CMSDomingos

Aucun commentaire: