As nossas Jotas enfermam, é verdade, de muitas fragilidades mas, pior ainda, de um enorme desgaste sobre a sua imagem e a dos seus membros, desgaste esse que tem principalmente, na nossa opinião, duas causas: a criação e a não resolução de expectativas exageradas, fora da sua missão, alcance e estrutura. Apontei alguns aspectos que considero polémicos:
i) Idade elevada? Concordo e já o defendi publicamente. Aos 35, ou mesmo muito antes, aos 30 ou 26 anos de idade, o espírito aventureiro, contestatário e o descomprometimento já eram, enquanto que a pressão para arranjar e manter emprego, as responsabilidades financeiras e o tempo disponível, já terão desferido golpes tremendos no (antigo?) jota. O ideal seria dos 15 aos 25, do Liceu ao final da Universidade, nem mais um passo. O ano seguinte, aos 26, seria para militar no partido, renovar as fileiras deste, apoiados noutra estrutura, meios e equipa.
ii) Não resolvem nada? As Jotas não resolvem nada porque não é sua missão, porque nunca terão equipa e meios para o fazer, porque não governam, porque são apenas uma associação reivindicativa, estejam os seus partidos no Governo ou na Oposição. O mais longe que podem ir é fazer advocacia pelos jovens, portanto laborar no mundo das ideias e dos discursos. Alguém está a ver as jotas resolverem problemas como o desemprego, a habitação, o empreendedorismo, a educação? Aliás, numa próxima campanha qualquer candidato deveria começar por elencar as coisas que «não vai fazer» mas que vai «exigir que quem de direito faça». Dessa forma, ao menos, evita a maldição das expectativas infundadas.
iii) Seguidistas do discurso e estratégia do partido? É preciso recordar que as Jotas não são uma agremiação neutra, sem partido, antes concorrem para objectivos comuns com o partido, uma espécie de equipa B, ou de juniores. Não haja ilusões. Agora, montar uma boa agenda própria dentro disso, é possível e exige uma preparação política, técnica e conhecimento das realidades que a jota, em geral, não consegue reunir brilhantemente por causa das muitas debilidades que temos referido. Na maior parte do ano e do mandato vivem de três ou quatro cérebros e do dobro em braços, que por sua vez dão 1/10 (exagero?) do seu tempo por terem de se dar a outras tarefas. Não se consegue fazer tanto com tão pouco. Mais fácil improvisar ou seguir o partido.
iv) Trampolim? Creio que sim e assim devem manter-se. O que não devem é ser condição suficiente (bastar o cartão jota para haver salto) devendo ser fixados critérios para o salto promovendo os que mais produzem, trabalham, lutam, participam e se preparam. Saltar por meritocracia, tal como nas empresas e demais organizações competitivas. Se a Jota é escola política, quem aprendeu bem as lições deve passar de ano, seguindo em frente ao serviço do partido e do País.
v) Sem causas? Penso que não, as causas das Jotas de hoje são as causas dos jovens e da nossa sociedade de hoje. No pós-luta armada e pós-instauração da democracia, a causa nacional comum tem sido o desenvolvimento, nas suas mais variadas sub-causas, áreas e problemas. Jotas sem causas só num país sem causas, o que não é o caso. A eficácia e organização com que conseguem ou não reivindicá-las é outra coisa.
vi) Desenho organizativo adequado? Penso que não, e que grande parte das fraquezas residem aqui. A dimensão nacional e internacional das Jotas é comparável à de uma grande empresa com representações e operações em todas as ilhas do país e algumas no estrangeiro. Funcionar com um único e reduzido corpo directivo na capital e com frágeis administrativos (sem políticos autónomos) nos demais pontos tem sido mortal. Tal como defendi noutras sedes, penso que as nossas características arquipelágicas obrigam-nos a evoluir para Jotas Federação (vide mais desenvolvidamente em Moção de Estratégia, Lista L, Praia, 2008), jotas plenos de poderes e deveres em cada ilha, com todos os órgãos e total autonomia. De comum apenas uma pequena Direcção Federal, isto é, um Conselho onde teriam acento os presidentes das diversas jotas de cada ilha e das diásporas. O actual modelo mata as jotas nas ilhas e mata as direcções centrais, as quais carregam, quase sozinhas, pesados fardos de uma estrutura megalómana (muita dimensão e responsabiliades) mas de papel.
vii) A desprofissionalização total. Conseguem imaginar uma grande empresa, com tarefas diárias a realizar, pesadas responsabilidades e operações em todas as ilhas e diásporas, em que não há ninguém, nem uma única alma a dedicar-se a tempo-inteiro a ela, e sem um tostão na conta? Há várias assim e são conhecidas no registo das organizações falidas por JOTAs-Lda.
viii) Escola política ou escola técnica? Não se espere muito que as Jotas sejam espaços de formação técnica, onde se aprende a pensar, falar, calcular, discursar, ou resolver problemas. Isso aprende-se em escolas técnicas e profissionais e exprime-se nas Jotas. O manancial de experiências e aprendizagens é de teor político e ideológico, dificilmente mensuráveis fora desse contexto partidário e das lutas puramente políticas.
i) Idade elevada? Concordo e já o defendi publicamente. Aos 35, ou mesmo muito antes, aos 30 ou 26 anos de idade, o espírito aventureiro, contestatário e o descomprometimento já eram, enquanto que a pressão para arranjar e manter emprego, as responsabilidades financeiras e o tempo disponível, já terão desferido golpes tremendos no (antigo?) jota. O ideal seria dos 15 aos 25, do Liceu ao final da Universidade, nem mais um passo. O ano seguinte, aos 26, seria para militar no partido, renovar as fileiras deste, apoiados noutra estrutura, meios e equipa.
ii) Não resolvem nada? As Jotas não resolvem nada porque não é sua missão, porque nunca terão equipa e meios para o fazer, porque não governam, porque são apenas uma associação reivindicativa, estejam os seus partidos no Governo ou na Oposição. O mais longe que podem ir é fazer advocacia pelos jovens, portanto laborar no mundo das ideias e dos discursos. Alguém está a ver as jotas resolverem problemas como o desemprego, a habitação, o empreendedorismo, a educação? Aliás, numa próxima campanha qualquer candidato deveria começar por elencar as coisas que «não vai fazer» mas que vai «exigir que quem de direito faça». Dessa forma, ao menos, evita a maldição das expectativas infundadas.
iii) Seguidistas do discurso e estratégia do partido? É preciso recordar que as Jotas não são uma agremiação neutra, sem partido, antes concorrem para objectivos comuns com o partido, uma espécie de equipa B, ou de juniores. Não haja ilusões. Agora, montar uma boa agenda própria dentro disso, é possível e exige uma preparação política, técnica e conhecimento das realidades que a jota, em geral, não consegue reunir brilhantemente por causa das muitas debilidades que temos referido. Na maior parte do ano e do mandato vivem de três ou quatro cérebros e do dobro em braços, que por sua vez dão 1/10 (exagero?) do seu tempo por terem de se dar a outras tarefas. Não se consegue fazer tanto com tão pouco. Mais fácil improvisar ou seguir o partido.
iv) Trampolim? Creio que sim e assim devem manter-se. O que não devem é ser condição suficiente (bastar o cartão jota para haver salto) devendo ser fixados critérios para o salto promovendo os que mais produzem, trabalham, lutam, participam e se preparam. Saltar por meritocracia, tal como nas empresas e demais organizações competitivas. Se a Jota é escola política, quem aprendeu bem as lições deve passar de ano, seguindo em frente ao serviço do partido e do País.
v) Sem causas? Penso que não, as causas das Jotas de hoje são as causas dos jovens e da nossa sociedade de hoje. No pós-luta armada e pós-instauração da democracia, a causa nacional comum tem sido o desenvolvimento, nas suas mais variadas sub-causas, áreas e problemas. Jotas sem causas só num país sem causas, o que não é o caso. A eficácia e organização com que conseguem ou não reivindicá-las é outra coisa.
vi) Desenho organizativo adequado? Penso que não, e que grande parte das fraquezas residem aqui. A dimensão nacional e internacional das Jotas é comparável à de uma grande empresa com representações e operações em todas as ilhas do país e algumas no estrangeiro. Funcionar com um único e reduzido corpo directivo na capital e com frágeis administrativos (sem políticos autónomos) nos demais pontos tem sido mortal. Tal como defendi noutras sedes, penso que as nossas características arquipelágicas obrigam-nos a evoluir para Jotas Federação (vide mais desenvolvidamente em Moção de Estratégia, Lista L, Praia, 2008), jotas plenos de poderes e deveres em cada ilha, com todos os órgãos e total autonomia. De comum apenas uma pequena Direcção Federal, isto é, um Conselho onde teriam acento os presidentes das diversas jotas de cada ilha e das diásporas. O actual modelo mata as jotas nas ilhas e mata as direcções centrais, as quais carregam, quase sozinhas, pesados fardos de uma estrutura megalómana (muita dimensão e responsabiliades) mas de papel.
vii) A desprofissionalização total. Conseguem imaginar uma grande empresa, com tarefas diárias a realizar, pesadas responsabilidades e operações em todas as ilhas e diásporas, em que não há ninguém, nem uma única alma a dedicar-se a tempo-inteiro a ela, e sem um tostão na conta? Há várias assim e são conhecidas no registo das organizações falidas por JOTAs-Lda.
viii) Escola política ou escola técnica? Não se espere muito que as Jotas sejam espaços de formação técnica, onde se aprende a pensar, falar, calcular, discursar, ou resolver problemas. Isso aprende-se em escolas técnicas e profissionais e exprime-se nas Jotas. O manancial de experiências e aprendizagens é de teor político e ideológico, dificilmente mensuráveis fora desse contexto partidário e das lutas puramente políticas.
Milton Paiva